quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Comidinha de feriado...

Amanheci beeeeem preguiçosa hoje, não queria saber de faxina, de lavar os cabelos, nem de passear. Por mim, tinha passado o dia inteiro no celular ou no computador, só (como dizemos aqui em casa) na enrolação. Maaaas, como tenho duas barriguinhas para encher, decidi desapegar da preguiça e me enterrar na cozinha. 

Falando assim, fica parecendo que passei o dia inteiro amarrada na cozinha, sendo escrava dos dois senhores esfomeados daqui de casa. Que nada! Foi só colocar a primeira água para ferver no fogão, que a bruxinha das super porções foi logo incorporando. E hoje ela veio toda metida a chef de cozinha. 

Pus a água do arroz para ferver, enquanto refogava ele com alho, cebola, e sal. Depois de quase pronto, joguei um punhado de beterraba ralada na panela, por isso esses vários tons de rosa nele. 

Temperei o frango com sal, açafrão, gengibre, pimenta do reino, alho, cebola em tirinhas, pimenta cheirosa e limão. Quando já estava cozido, dei aquela balançada na panela para desfiá-lo no ponto, sem sujeira, nem demora.

A salada fiz com pepino fatiado bem fininho, cenoura e rabanete ralados, misturados com trigo para kibe, que deixei por uma hora de molho na água filtrada. Temperei tudo com os básicos: azeite, sal e limão. Ah, coloquei uma pimentinha do reino para ter um sabor um pouquinho mais forte.



Já ía esquecendo do feijão! Sim, nesse prato tem um feijãozinho, sim. E esse foi o segredo da "superbruxachef". Fiz o feijão bem cremoso, quase uma papinha (como é um mistério do livro das porções mágicas, não vou revelar a receita dele... rs), e o servi escondido dentro do arroz. Ficou uma beleza: sequinho por fora e molhado por dentro. Quase um petit gateau de arroz e feijão (só que não... rs). Para finalizar, joguei um pouquinho de gergelim por cima do arroz, e pronto!

Detalhes sobre minhas receitas: uso pouquíssimo óleo no preparo delas, quase nada mesmo! O mesmo cuidado tenho com o sal, e tento sempre deixar os grãos de molho pelo período de quatro a oito horas, por conta do ácido fítico (recomendo pesquisar sobre essa prática).

E para quem amanheceu cheia de preguiça, posso me orgulhar do almoço rápido que fiz, e ainda me sobrou tempo para cuidar dos cabelos e de outras coisinhas aqui em casa.


Pérola de uma noite...


(Ainda debaixo dos lençóis)

- Mamãe, sonhei com a senhora.
- Hum... E como foi?
- A senhora 'tava' com um vestido azul clarinho e bem grande, tinha muitas jóias e uma coroa pequena na cabeça.
- Mamãe estava bonita?
- Sim! Muito bonita. Mamãe, a senhora é uma fada?
- Amor, a mamãe é o que você quiser que a mamãe seja.
- Então a senhora é a rainha das fadas. Sabia que eu acredito nelas?
- Acredita?
- Sim, porque eu não quero que elas morram. 


domingo, 2 de agosto de 2015

O encanto...

Ele olhava... Ele esperava... Ele ansiava...


O lugar não estava totalmente negro, tinha um tom prateado que se movia com o laranja avermelhado da chama de duas velas, que flamulavam com a brisa que vinha da grande janela, por onde também entrava a luz da lua. As cortinas, lá penduradas, eram brancas e leves e, mesmo tendo um bailar suave, faziam surgir nos olhos cor de mel dele, vultos quiméricos, que ora lhe davam arrepios, ora lhe excitavam.

Ao seu redor era possível ver a mobília pesada, uma jarra de água e, do lado, um arranjo de flores com cores que ele não conseguia definir. A cama era-lhe confortável, mas não lhe esquentava... A espera o confundia. Ele sabia que aquele era seu lugar, mas não era ali que gostaria de estar.

A porta se abriu, e por ela entrou uma luz quente e vibrante, seguida por uma silhueta tão exuberante, quanto feminina, envolta por uma longa saia de leves tecidos, assim como o que caia pelos ombros daquele ser misterioso. Ela movia-se lentamente, mas sua presença deixava o ar pesado.

O conforto sentido a pouco já lhe tivera sido roubado por pensamentos incertos e por uma ansiedade que lutava em controlar. Ele já não a via, mas sentia sua respiração, sua eletricidade. "-Terá sido magia?". Inseguro, ali ele ficou.

Um toque leve e quente desceu-lhe a testa, passando por seus olhos, boca e parando no enrolar de sua estreita barba. Seu peito encheu-se de um ar muito aromático: rosas, canela, mirra... Abdômen contraído, mãos trêmulas, pernas pesadas... De olhos fechados, ele não entendia o que lhe acontecia, mas compreendeu que seu corpo já não era mais seu.

Mesmo num frenesi quase incontrolável, ele respirou fundo, repetindo o ato por vezes, até então perceber o som de algumas palmas compassadas, que seguiam um ritmo que lhe fazia vibrar as pálpebras, ainda cerradas... A música ora parecia-lhe perto, ora distante, sua respiração já fluía normalmente, seu corpo nunca estivera tão leve. Quis abrir os olhos, mas não conseguiu.

Aquele toque, aquela leveza e aquele calor já lhe eram conhecidos... Finalmente pôde ver onde estava. "- Estou sonhando?". Cores fortes iluminaram seus olhos, as luzes revelaram exatamente o que deveria ser revelado: almofadas coloridas, lenços enfeitados, flores, tapetes, miçangas, pedras, incensos queimando... Ela, toda ela.

Divina! Cabelo cheio de ondas volumosas, que ficava ainda mais negro em contraste com a grande rosa vermelha que o ornava. Pele morena e brilhante, postura firme, olhos penetrantes, boca carmim, brincos grandes, pulseiras coloridas, pés descalços... As saias moviam-se ao passo das palmas lá fora, e confundiam-se com o lenço que voava em suas mãos. Ela girava, ela exibia os ombros, ela revelava os tornozelos enfeitados.

O lenço ela deixou cai por cima dele, e as mãos ficaram livres para que pudesse buscar a magia que a circundava: ela a agarrava, a transformava e novamente a soltava no ar, agora, com os seus encantos. E quanto mais ela dançava, mais ele a amava e a desejava. Sim, aquela era a mulher que ele escolhera viver pelo resto de sua vida e aquele era o lugar no qual ele queria ficar para sempre!

As risadas, as conversas e a cantoria, lá fora, em volta da alta fogueira, deixavam o momento ainda mais mágico. O calor estava presente em todos cantos daquele lugar. Ele a queria tanto, mais ao mesmo tempo, julgava-se impuro diante de tanta perfeição.

A música ganhou notas melancólicas, as palmas cessaram... Seus olhos finalmente encontraram-se com ardor. Ele estremeceu...


Continua...






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