Durante a vida, passamos por tristes situações que não julgamos tão importantes assim, nem percebemos seu efeito sobre nós. Mas, com o tempo, elas se acumulam no corpo, na alma, e ficam estagnadas, criando couraças, tumores.
Ao longo de muitos anos, o
feminino acumulou muitos males e carregou em seus quadris o peso de repressões
e culpas, se escondendo, mutilando, encolhendo, submetendo e esquecendo sua
verdade.
É o momento de indagar: o que
escondo, engulo e quem sou. Você lembra quem é?!
Será
que toda força e poder do feminino foram queimados na fogueira? Comprimidos
entre espartilhos? Encoberto por burkas ou mutilado? Ocultado atrás de
implantes de silicones e plásticas? A força e o poder, necessários para nos
livrar deste tributo, habitam em nós, mas precisamos de uma outra força
impulsionadora que pode surgir de muitas maneiras em nossa vida: como um
insight, um sonho, o convite de uma amiga, uma revolta contra o sistema, uma
perda trágica, entre tantas outras possibilidades.
Mas, em algum momento de nosso
confuso e caótico cotidiano, esse fator desencadeante se apresenta, e pode
causar grandes transformações, mudar nossa perspectiva e abrir inúmeros caminhos.
Só então nos deparamos com quem somos, ou com o grande
vazio de não mais reconhecer a si mesma; ou ao sagrado dentro de nós e a
necessidade de vivê-lo; o quanto esse corpo nos é tão útil, mesmo não sendo
tudo o que os outros esperam dele. Mas, ainda assim, é meu corpo, e é esse
corpo que carrega os filhos no ventre, os alimenta, dá prazer ao meu amante, se
renova todo mês e me conecta com o poder da Lua, esse corpo me proporciona ser
quem sou, ele me liga ao mundo e me comunica com o todo.
Quando nos permitimos
reconquistar esse feminino, que sente, se manifesta, sofre, ama, cuida, provém,
sonha, se interioriza, e cria, também libertamos os homens, e permitimos a eles
o direito de reconquistar o seu feminino sagrado, no qual é possível sentir,
chorar, amar e sonhar, sem ser julgado – tornando muito mais harmônica e construtiva
a vida de casal. Também voltamos o olhar para a Terra e vemos a necessidade de
cuidar do mundo, tendo mais amor e cuidado com os animais e a natureza.
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