quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Euforia...

Ela caminhou em sua direção, parou diante dele, que mesmo sem ouvir uma única palavra da boca dela, entendeu que deveria levantar-se. Olhos fixos, coração acelerado, respiração pesada. Senti-la tão perto era o que mais ele queria, tanto quanto lhe apavorava.

Ela era só energia, ele vibrava. Ela o olhava, ele desconsertava. Ela o reconhecia, ele a queria. Sentia medo e desejo, queria voar, queria jogar-se ao abismo, só para sentir o prazer da liberdade, ou o de estar preso. Aquela boca, aqueles olhos, aquele mistério... Sem mais resistir, suas mãos seguiram em direção ao rosto dela.

O ambiente pareceu-lhe menor, teve a sensação de que nada, além dos dois, cabiam naquele lugar. Estava enfeitiçado! Os lábios macios e voluptuosos daquela mulher o envenenaram, e com o veneno mais precioso, que somente a mais perigosa serpente seria capaz de produzir. Estava tão submisso aos seus desejos que em nada mais pensou. Se entregou.

Véus caídos, formas reveladas, arrepios, veias dilatadas, calor... Não tinha mais medo, estava excitado, preparado para receber toda a paixão que ela tinha para lhe dar. E nas curvas daquele corpo sinuoso, ele foi perdendo-se, deixando-se levar para uma arriscada armadilha, da qual não ousou fugir.

Seus corpos, sedentos, estremeciam a cada toque e revelavam o desejo absurdo que ambos tentaram controlar até então. Seios em erupção, boca quente, mãos firmes, lábios úmidos. Ele a segurava com força, numa tentativa de não a deixar escapar. Ela o beijava com ardor e sentia com prazer a rigidez de seus abraços.

Pele nua, mente aberta. Ele percebeu que ela não tinha razões para fugir, seu corpo clamava concupiscente pelo dele, e, então, tudo se encaixou perfeitamente: a paixão com o desejo, o corpo com a alma, o mágico com o real, a virilidade com a delicadeza... Ela, finalmente, rompeu o silêncio com um gemido delirante. Dois amantes, dois seres de muita luz, apaixonados, entregues ao tão esperado momento, sem regras, nem medo, nem amarras, livres!

De repente, sentiu-se sugado por uma força descomunal que lhe esquentou a alma. Fechos de luz, cores, raios... A Deusa. Ali, em formas nunca antes contempladas. Dona de si, guia dele, conduzindo-o no mais mágico e delicioso caminho. Não sabia se contemplava a divindade ou se sedia aos seus mais obscenos desejos. Decidiu segui-la, e viajou.


Achou ter visto a lua, num céu extremamente estrelado. Sentiu uma brisa, que parecia vir daqueles volumosos cabelos. Ouviu o vai e vem das ondas, que levavam e traziam a areia para sua praia, acreditou ser o som mais agradável do mundo: gemiam, sussurravam... Inalou o fresco perfume da mata verde e úmida, como quem contempla a beleza da natureza, saboreando a mais doce fruta oferecida por ela, e colhida com as próprias mãos.

Foi homem, menino, ancião. Um iniciado, que há tempos vem percorrendo seu caminho, mas em nenhum havia realmente se encontrado, e agora, vendo-se tão pequeno e ignorante, aquecido naqueles braços, sentiu-se, enfim, acolhido, bem vindo, e, pela primeira vez, na direção certa.

Nem seus melhores sonhos assemelhavam-se àquele momento, onde a beleza, o prazer e o divino vibravam em notas tão perfeitas. Nenhuma experiência vivida por ele seria capaz de descrever todas aquelas sensações. Nada havia sido tão forte e surreal, ao ponto de fazê-lo compreender o que é o verdadeiro amor, aquele que vai além das nossas rasas convicções sobre este sentimento.

Ah, o prazer... O mais louco devaneio de uma mente e o mais forte pulsar de um corpo...

Foi uma longa e prazerosa viagem, depois da qual, ele compreendeu que nunca mais seria o mesmo. Com os olhos ainda turvos, percebeu a chama de uma das velas que ainda vibrava ao lado das serpentes de fumaça de um incenso, que insistia em queimar. Sentiu que o encanto ainda estava ali. Duvidou estar sóbrio, duvidou ser real e, olhando nos olhos dela, teve a única certeza: "- Sou teu!". E ela, sorrindo, respondeu: "- Há milênios..."

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[Primeira Parte - O encanto]



domingo, 6 de dezembro de 2015

Um Bolero inesquecível...

Quando eu era criança e as pessoas perguntavam "o que você quer ser quando crescer?", eu respondia como quase todas as meninas da minha época, "quero ser bailarina". É difícil não se encantar com a beleza de uma bailarina e seus saiotes, suas pontas de pés e mãos, sua delicadeza e leveza... As pequenas (e até alguns pequenos) ficam enfeitiçados.

Hoje, mais cedo, pelas redes sociais, vi um vídeo de uma música que me remeteu a esse sonho de infância. A música era "Bolero de Ravel", mas, no caso, apresentada por Andre Rieu. Assim que ouvi as primeiras notas dessa música, de imediato, veio-me aos olhos, a imagem de um homem, magro, cabelos claros, sem blusa, dançando em cima de um palco redondo. Tive que procurar.

Esse homem era Jorge Donn, um famoso bailarino argentino, falecido em 1992. Nunca havia procurado informações sobre ele, até hoje. A questão é que, mesmo sem saber de quem se tratava, posso dizer que ele, por volta dos meus oito ou nove anos, me hipnotizou ao dançar esta música.

Lembro-me de está mudando os canais da tv, quando, de repente, me deparo com a tal figura, dançando uma música forte, e, aos meus ouvidos, muito agradável. Parecia uma serpente, bailando sorrateira para sua presa. A coreografia nem de longe lembrava (a mim) a sutileza de uma bailarina, mas aquilo me prendeu, não conseguia sair da frente da tv, e nem queria que acabasse. Fiquei impressionada com aquele homem dançando. Achei mágico.

Não sei explicar exatamente porque aquela cena me chamou tanta a atenção. Talvez por ter gostado da música, ou por achar forte, não sei... Mas, de verdade, arrisco dizer que me encantei pela ideia de ver um homem dançando de forma tão diferente, tão livre, tão do seu jeito. Aquilo, com certeza, mudou minha ideia de dança. Percebi que não precisava usar uma sapatilha, vestidos leves e esvoaçantes, seguir um padrão tão rígidos de passos, para dançar bonito. Vi ali que a dança é uma expressão de liberdade, e que nem sempre precisa ser tão perfeito. 

Certamente, com aquela idade, meus pensamentos não foram construídos desta forma que relatei aqui, e nem saberia recriá-los agora, mas, basicamente, a ideia era algo como "olha, ele parece 'tá' dançando do jeito que ele quer dançar", como se estivesse sendo levando pela música, como se não tivesse criado uma coreografia para ela, e sim, decidido dançar conforme sentisse vontade.

Cresci e não me tornei bailarina. Adoro dançar (o que não significa que sou uma exímio dançarina, estou até bem longe disso), mas nunca passei do básico. Amo a dança e suas várias expressões e sensações. A música, pra mim, é um dos alimentos para a alma e a dança um dos caminhos para o paraíso.

As bailarinas ainda me fascinam, da mesma forma que ainda despertam em mim aquela pequena sonhadora... Quanto àquele homem, serei sempre grata por me emprestar alguns de seus passos, nos vários momentos em que me entreguei à liberdade, dançando sozinha no meu quarto, deixando a música me levar, durante tantos anos...





quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pãozinho de farelo de aveia.


Há tempos não postava uma receitinha aqui. Na verdade, tenho demorado bastante com minhas postagens no blogue. Preciso revelar que tenho me deixado levar pela rapidez das outras redes sociais. A falta de tempo acaba me levando para elas: tiro uma foto e rapidinho ela vai para o Instagram. Aqui, o negócio requer um pouquinho mais de tempo. O que não significa que deixei de amar esse meu espacinho. Pelo contrário, estou terminando um texto para postá-lo aqui nos próximos dias. Aguardem.

Vamos à receita, né? O resultado dela foi postado hoje, mais cedo, lá no Instagram. Eu estava tão doida para comer meu pãozinho crocante que quase nem tiro a foto. 

Essa eu peguei do meu queridíssimo Flávio Passos (sou tão fã dele que já me considero íntima, rs)

- 1 xíc. de farelo de aveia
- 2 col. de sopa de farinha de arroz
- Sal a gosto
- 1/2 xíc. de água fervente
- 1 col. e meia de sopa de óleo de coco

Misture todos os ingredientes, espalhe bem a massa numa assadeira (que nem precisa ser untada) e leve ao forno por uns 20 minutinhos. E está pronto!

Eu gostei! Principalmente porque tenho buscado alternativas mais fáceis e saudáveis para o pão e bolachas, e achei que esse pãozinho ficou entre os dois. Pode ir no café da manhã ou no lanchinho da tarde. Dá até para levar na marmita do trabalho. 

Preciso fazer uma obervação sobre esse pão: eu já estou acostumada com o sabor do farelo de aveia, uso sempre ele de manhã nas minhas vitaminas e outras misturas, mais quem nunca provou, e está ainda preso ao viciante sabor do pão tradicional, é bem provável que ache o pãozinho meio sem graça. Maaaas, é como costumo dizer, experimentar é super válido, principalmente, para o exercício de educar o paladar. Então, se joga!



segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Uma pausa para desbravar novas trilhas...

Há alguns meses participei de um evento na UFAC, no qual, para chegar no local exato onde aconteceria, precisei cruzar uma trilha maravilhosa e bem extensa. Enquanto caminhava, e me encantava, não parava de pensar, primeiro, "como estudei tanto tempo aqui e nunca tinha visto esse lugar?", e, segundo, "o pequeno e o grandão iriam adorar isso!".

Alguns dias depois estávamos lá, os três, curtindo a caminhada. E eu realmente estava certa: eles adoraram.





Uma pausa para registrar o medo de borboleta...





Uma pausa para o viveiro...


 Uma pausa para o pé de Fruta Pão, que tanto comi quando era pequena e que há tempos não via.


 Uma pausa para a Casinha do Seringueiro e seu forno.











Uma pausa para a volta para casa, cruzando o campus da faculdade, pelo qual tenho tanto carinho e boas recordações. Sem contar que sou encantada por ele. Não tem faculdade nesta cidade que barre a beleza do campus da UFAC, mesmo com tantas deficiências.


Já tem um tempinho que fizemos essa trilha, então, não posso dizer que ela ainda está exatamente assim, nem se ainda esta liberada para caminhadas, pois, afinal, são tantas mudanças ocorrendo na faculdade que nem sei mais o que é liberado (e de graça) lá dentro. Para quem quiser tentar, fica por trás do antigo bloco de Engenharia, também conhecido como "vai-quem-quer".


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Inspiração amanhecer...

93 Milhares de Milhões de quilômetros

A 93 milhares de milhões de km do sol
As pessoas preparam-se, preparam-se
Porque lá vem, é uma luz
Uma linda luz, além do horizonte
Para dentro de nossos olhos
Ó, como é linda
Ó, minha bela mãe
Ela me disse, filho, tu irás longe na vida
Se fizeres tudo certo, amarás o lugar onde estiveres
Apenas saibas que não importa aonde vás
Tu poderás sempre voltar para casa

A 240 milhares de km da lua
Percorremos um longo caminho para pertencer a esse lugar
Para partilhar essa vista da noite
Uma noite gloriosa
Além do horizonte há outro céu brilhante
Ó, como é lindo
Ó, meu pai irrepreensível
Ele me disse, filho, às vezes, pode parecer escuro
Mas a ausência da luz é uma parte necessária
Apenas saibas, que tu nunca estarás sozinho
Você sempre poderá voltar para casa

Para casa, casa

Tu podes sempre voltar

Toda a estrada é uma subida escorregadia
Mas sempre há uma mão na qual tu podes te segurar
Olhando bem fundo pelo telescópio
Tu podes perceber que o teu lar está dentro de ti

Apenas saibas que não importa aonde vás
Não, você nunca está sozinho
Você sempre voltará pra casa

Casa
Casa

A 93 mil milhões de km do Sol
As pessoas preparam-se, preparam-se
Porque lá vem, é uma luz
Uma linda luz, além do horizonte

Para dentro de nossos olhos.




quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Comidinha de feriado...

Amanheci beeeeem preguiçosa hoje, não queria saber de faxina, de lavar os cabelos, nem de passear. Por mim, tinha passado o dia inteiro no celular ou no computador, só (como dizemos aqui em casa) na enrolação. Maaaas, como tenho duas barriguinhas para encher, decidi desapegar da preguiça e me enterrar na cozinha. 

Falando assim, fica parecendo que passei o dia inteiro amarrada na cozinha, sendo escrava dos dois senhores esfomeados daqui de casa. Que nada! Foi só colocar a primeira água para ferver no fogão, que a bruxinha das super porções foi logo incorporando. E hoje ela veio toda metida a chef de cozinha. 

Pus a água do arroz para ferver, enquanto refogava ele com alho, cebola, e sal. Depois de quase pronto, joguei um punhado de beterraba ralada na panela, por isso esses vários tons de rosa nele. 

Temperei o frango com sal, açafrão, gengibre, pimenta do reino, alho, cebola em tirinhas, pimenta cheirosa e limão. Quando já estava cozido, dei aquela balançada na panela para desfiá-lo no ponto, sem sujeira, nem demora.

A salada fiz com pepino fatiado bem fininho, cenoura e rabanete ralados, misturados com trigo para kibe, que deixei por uma hora de molho na água filtrada. Temperei tudo com os básicos: azeite, sal e limão. Ah, coloquei uma pimentinha do reino para ter um sabor um pouquinho mais forte.



Já ía esquecendo do feijão! Sim, nesse prato tem um feijãozinho, sim. E esse foi o segredo da "superbruxachef". Fiz o feijão bem cremoso, quase uma papinha (como é um mistério do livro das porções mágicas, não vou revelar a receita dele... rs), e o servi escondido dentro do arroz. Ficou uma beleza: sequinho por fora e molhado por dentro. Quase um petit gateau de arroz e feijão (só que não... rs). Para finalizar, joguei um pouquinho de gergelim por cima do arroz, e pronto!

Detalhes sobre minhas receitas: uso pouquíssimo óleo no preparo delas, quase nada mesmo! O mesmo cuidado tenho com o sal, e tento sempre deixar os grãos de molho pelo período de quatro a oito horas, por conta do ácido fítico (recomendo pesquisar sobre essa prática).

E para quem amanheceu cheia de preguiça, posso me orgulhar do almoço rápido que fiz, e ainda me sobrou tempo para cuidar dos cabelos e de outras coisinhas aqui em casa.


Pérola de uma noite...


(Ainda debaixo dos lençóis)

- Mamãe, sonhei com a senhora.
- Hum... E como foi?
- A senhora 'tava' com um vestido azul clarinho e bem grande, tinha muitas jóias e uma coroa pequena na cabeça.
- Mamãe estava bonita?
- Sim! Muito bonita. Mamãe, a senhora é uma fada?
- Amor, a mamãe é o que você quiser que a mamãe seja.
- Então a senhora é a rainha das fadas. Sabia que eu acredito nelas?
- Acredita?
- Sim, porque eu não quero que elas morram. 


domingo, 2 de agosto de 2015

O encanto...

Ele olhava... Ele esperava... Ele ansiava...


O lugar não estava totalmente negro, tinha um tom prateado que se movia com o laranja avermelhado da chama de duas velas, que flamulavam com a brisa que vinha da grande janela, por onde também entrava a luz da lua. As cortinas, lá penduradas, eram brancas e leves e, mesmo tendo um bailar suave, faziam surgir nos olhos cor de mel dele, vultos quiméricos, que ora lhe davam arrepios, ora lhe excitavam.

Ao seu redor era possível ver a mobília pesada, uma jarra de água e, do lado, um arranjo de flores com cores que ele não conseguia definir. A cama era-lhe confortável, mas não lhe esquentava... A espera o confundia. Ele sabia que aquele era seu lugar, mas não era ali que gostaria de estar.

A porta se abriu, e por ela entrou uma luz quente e vibrante, seguida por uma silhueta tão exuberante, quanto feminina, envolta por uma longa saia de leves tecidos, assim como o que caia pelos ombros daquele ser misterioso. Ela movia-se lentamente, mas sua presença deixava o ar pesado.

O conforto sentido a pouco já lhe tivera sido roubado por pensamentos incertos e por uma ansiedade que lutava em controlar. Ele já não a via, mas sentia sua respiração, sua eletricidade. "-Terá sido magia?". Inseguro, ali ele ficou.

Um toque leve e quente desceu-lhe a testa, passando por seus olhos, boca e parando no enrolar de sua estreita barba. Seu peito encheu-se de um ar muito aromático: rosas, canela, mirra... Abdômen contraído, mãos trêmulas, pernas pesadas... De olhos fechados, ele não entendia o que lhe acontecia, mas compreendeu que seu corpo já não era mais seu.

Mesmo num frenesi quase incontrolável, ele respirou fundo, repetindo o ato por vezes, até então perceber o som de algumas palmas compassadas, que seguiam um ritmo que lhe fazia vibrar as pálpebras, ainda cerradas... A música ora parecia-lhe perto, ora distante, sua respiração já fluía normalmente, seu corpo nunca estivera tão leve. Quis abrir os olhos, mas não conseguiu.

Aquele toque, aquela leveza e aquele calor já lhe eram conhecidos... Finalmente pôde ver onde estava. "- Estou sonhando?". Cores fortes iluminaram seus olhos, as luzes revelaram exatamente o que deveria ser revelado: almofadas coloridas, lenços enfeitados, flores, tapetes, miçangas, pedras, incensos queimando... Ela, toda ela.

Divina! Cabelo cheio de ondas volumosas, que ficava ainda mais negro em contraste com a grande rosa vermelha que o ornava. Pele morena e brilhante, postura firme, olhos penetrantes, boca carmim, brincos grandes, pulseiras coloridas, pés descalços... As saias moviam-se ao passo das palmas lá fora, e confundiam-se com o lenço que voava em suas mãos. Ela girava, ela exibia os ombros, ela revelava os tornozelos enfeitados.

O lenço ela deixou cai por cima dele, e as mãos ficaram livres para que pudesse buscar a magia que a circundava: ela a agarrava, a transformava e novamente a soltava no ar, agora, com os seus encantos. E quanto mais ela dançava, mais ele a amava e a desejava. Sim, aquela era a mulher que ele escolhera viver pelo resto de sua vida e aquele era o lugar no qual ele queria ficar para sempre!

As risadas, as conversas e a cantoria, lá fora, em volta da alta fogueira, deixavam o momento ainda mais mágico. O calor estava presente em todos cantos daquele lugar. Ele a queria tanto, mais ao mesmo tempo, julgava-se impuro diante de tanta perfeição.

A música ganhou notas melancólicas, as palmas cessaram... Seus olhos finalmente encontraram-se com ardor. Ele estremeceu...


Continua...






segunda-feira, 6 de julho de 2015

A fé...


"A fé tá na mulher, na cobra coral, num pedaço de pão.
A fé tá na maré, na lâmina de um punhal, na luz, na escuridão.
A fé tá na manhã, a fé tá no anoitecer, no calor do verão.
A fé tá viva e sã, a fé também tá pra morrer, triste na escuridão.
Certo ou errado até, a fé vai onde quer que eu vá, a pé ou de avião.
Mesmo a quem não tem fé, a fé costuma acompanhar, pelo sim, pelo não.
Andá com fé eu vou, que a fé não costuma faiá."

Giberto Gil

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Não é moda. É saúde!

Esses dias vi essa matéria sobre cabelos naturais e aí achei que já estava passando da hora de fazer uma postagem sobre este meu momento: o de transição. (Senta que lá vem a história...)

Vamos primeiro à reportagem...



Pois bem... Há mais de quinze anos que tenho os cabelos relaxados. Nos primeiros anos, além de relaxar, fazia escovas e chapinhas, e tantas outras loucuras para controlar a minha super juba de leão, mas logo nos primeiros anos, fui desapegando da chapinha e, em seguida, desgostando do efeito das escovas (não gostava do efeito escorrido, me agradava ter um pouco de volume), nem consigo me lembrar da última vez que passei uma chapinha no cabelo, e, quanto à escova, posso apostar que tem quase uns dois anos que ela não estica minha cabeleira. Sinceramente, nunca gostei das altas temperaturas de ambos aparelhos.

Além de abandonar essas técnicas, sempre, desde o começo, evitei químicas fortes. As cabeleireiras tentavam me empurrar de todas as formas seus químicos e super produtos alisantes, com promessas de cabelos ultra esticados, mas eu sempre recusava: - "Não! Só quero relaxar meu cabelo! Só quero controlar um pouco o volume!" Não, não é não!! Elas piravam...

Meus cabelos, depois de várias tentativas (e algumas erradas), acabou se rendendo a alguns produtos e relaxamentos. Ele aceitou bem e ficou, por longos anos, do jeito que eu queria, até eu aceitar fazer uma selagem (como me arrependo de não ter insistido em mais um "não!"). Depois desta bendita, nunca mais foi o mesmo. Começou a ressecar demais e nunca mais obtive bons resultados com os relaxamentos.

Comecei a sair do salão frustrada. Pensava no dinheiro que gastava, no resultado que não me agradava, no curto tempo que teria entre o relaxamento e os cabelinhos novos (que por sua vez, são cruéis), na próxima química, nas  horas dentro no salão... Putss, como isso tudo martelou na minha cabeça!

Cansei! Não quero mais ser escrava de relaxamentos, não quero mais sofrer com a rebeldia dos cabelos novos e das duas texturas dos fios, e, principalmente, não quero mais ser enganada por produtos mentirosos, que só fazem uma maquiagem no cabelo! 

Depois desse desabafo mental, comecei a namorar a ideia de voltar a ter meus cabelos naturais. Procurei fotos antigas e quanto mais achava, menos coragem eu tinha. Lembrei da teimosia dele, do trabalho que ele me dava e de como ele era difícil. Comparava as vantagens e facilidades de um cabelo liso, e acabava voltando para o salão.

Até que, finalmente, depois de decidir tentar ter uma vida mais natural, em vários aspectos, o cabelo foi sem dúvida, o primeiro a entrar na lista das mudanças mais drásticas. Arrisco dizer que foi ele um dos principais motivos dessa minha mudança (prometo explicar sobre isso em outro post).

Mudei completamente as formas de tratamentos para ele, adotei algumas técnicas e produtos, criei uma rotina específica de cuidados, busquei ajuda em grupos pelas redes sociais e, então, quando me dei conta, estava com metade do cabelo liso e outra metade natural, com duas caixas cheias de produtos para tratamentos e um mundo novo sendo construído em minha vida.

Acreditem, foi e ainda é um novo mundo. E um mundo cheio de muito amor. Sim, amor! Esta foi a melhor forma que achei para descrever o que senti por cuidar do meu próprio cabelo, amor! Livrar ele de químicas e tratamentos super agressivos, de produtos que só favorecem as grandes industrias, e passar a usar muito mais produtos naturais, adotar hábitos mais saudáveis de tratamentos, e tantos outros benefícios que essa mudança trouxe à minha vida, foi e ainda é, um ato de amor.

É incrível quantidade de mulheres (e alguns homens) que hoje buscam essa transição, que buscam os tratamentos mais naturais. E melhor ainda é ver o quanto esse povo está disposto a ajudar pessoas como eu, que estão entrando neste mundo novo. Gente, não foi por acaso que batizei o senhor Youtube de padrinho. O que tem de gente lá passando conhecimentos e trocando experiências, é incrível!

Para quem ficou interessado, não se preocupe, porque daqui por diante, falarei mais sobre este processo de transição, minhas pesquisas, fontes, tratamentos e técnicas, mas, por hora, já estou achando este post enorme, e ainda nem falei da matéria aí de cima...

Bem, farei apenas duas e breves observações. A primeira, é que achei muito bom ter a imagem da Lorde como referência na matéria, pois minhas madeixas naturais, de antes das químicas, eram exatamente como as dela: não definiam e eram só volume. Uma coisa de louco!




E a segunda observação, foi o que levou o titulo deste post, "moda de cabelos naturais". Minha gente, acorda pra vida. Cabelos naturais não é moda, cabelos naturais é saúde! E só passando por um processo de transição como este, é que fui capaz de me dar conta disso.

Não quero parecer aqui que sou contra a atitude de quem usa químicas no cabelo. Eu mesma ainda uso tintura, recorro a mais suave possível, mesmo assim, não deixa de ser uma química que agride meus cabelos e couro cabelo, mas, infelizmente, por enquanto, não consegui me livrar delas. As uso mais por necessidade, do que por vaidade. Tanto é que só retoco a raiz quando os brancos estão quase na metade do cabelo.

Não tenho nada a ver com a vida de ninguém, e acho que cada um deve fazer e usar o que lhe é agradável. Como falei, é um processo pelo qual estou passando e amando, e o que mais eu poderia fazer, senão dividir minhas experiências com quem acompanha meu blogue?

E só para criar um suspense, fotos do meu novo cabelo, somente nos próximos pots...


quarta-feira, 10 de junho de 2015

Super misturinha...


Normalmente, antes de sair para trabalhar, tomo apenas uma vitamina, e lá pelas nove, nove e meia, quando a fome bate, como um pãozinho integral, com suco, e fico com isso até a hora de almoçar. Mas esses dias fiz uma misturinha que me deixou quase todo o dia sem fome.

No liquidificador fui colocando o que tinha pela geladeira... Puxei o abacate, uvas passa, castanha de caju, banana, farelo de aveia e linhaça. Bati.

Achei que ainda precisava de uma corzinha e voltei para a geladeira e, eis que o ouro negro saltou aos meus olhos, e, só de mau, acabei com o restinho do açaí que estava dando sopa por lá. Bati novamente, acrescentando só mais uma colher rasa de açúcar mascavo, porque açaí pra mim tem que ser com açúcar mascavo, e pronto de novo!

Depois de pronta é que me dei conta da super mistura que fiz, cheia de gordurinhas (boas, claro!)... Não pensei duas vezes, tomei tudo! Não é sempre que faço uma dessas...

Deu nove, onze, doze horas e eu ainda me sentia cheia. Almocei só para não deixar o estômago vazio, pois sabia que tinha passado a manhã sem comer. E segui o resto do dia assim, sem fome e sem comer. Salve o açaí!!!


domingo, 7 de junho de 2015

O meu lugar...


"É esperança de um mundo melhor...
Tem seus mitos e seres de luz...
É sorriso, é paz e prazer..."





domingo, 31 de maio de 2015

Delicinha caseira


Quem me acompanha no Instagram (@irisalmeidabarb) sabe que estou devendo a receita da minha barrinha de cereal caseira. Finalmente vou deixar aqui, mais antes de listar os ingredientes, preciso esclarecer alguns pontos:

1º: Sou péssima com quantidades. Até tenho uma balancinha "meiaboca" em casa, mais não confio muito nela. Outro ponto é que, no geral, faço porções bem pequenas das minhas experiências culinárias. Primeiro, por ainda está testando algumas. Segundo, porque, por enquanto, aqui em casa, eu ainda sou a maior consumidora das minhas receitinhas, então não adianta fazer muito para desperdiçar depois;

2º: Olho na validade. Como estou adotando o lema "quanto mais natural melhor", venho tentando usar produtos mais naturais possíveis nas receitas, e, normalmente, esses produtos têm prazo de validade mais curto. Resumindo, talvez eu não saiba dizer exatamente quanto tempo, tal receita vai durar na geladeira ou fora dela. Então fiquem atentos aos produtos, manoseio e conservação. 

Eu tinha um terceiro ponto a esclarecer, mas escrevi tanto que esqueci... Ótimo! Assim, vou logo para a receita, que por sinal, é tão fácil que eu tenho certeza que quando eu terminar esse post você vai pensar "essa enrolação toda só pra isso!?". Então, para acabar com o suspense, anota aí.

Coloca no processador castanha do brasil, amêndoas doce, tâmaras e ameixas secas (ambas sem caroço), um punhado de cada item, e bate o suficiente para deixar em farelos. Retire do processador e espalhe em uma forminha ou pote, que permita você pressionar a misturinha, até formar uma barrinha. E está pronto!

Alguns detalhes: a liga e o doce da barrinha ficam por conta das tâmaras e das ameixas; eu conservei ela no potinho, pois não fica muito firme como as barrinhas convencionais; meu potinho media aproximadamente 9x13, e essa foi a mesura dela; podem ser adicionadas à receita, nozes, outras castanhas, uvas passas, aveia, e outros ingredientes de sua preferência; eu joguei um pouco de gergelim preto por cima da minha e amassei mais um pouquinho, só para prendê-los à barrinha.

E aí está. Fácil, fácil e uma delicia!!


domingo, 10 de maio de 2015

Um longo caminho que ainda sigo...



Eu, mamãe e papai.

Gosto muito dessa foto. Gosto de lembrar da minha mãe assim, do seu rosto jovem, de uma época em que ele era a única referência para mim, de uma época em que todo e qualquer medo passava quando meus olhos encontravam o rosto dela. 

Lembro-me de um fato ocorrido quando ainda era muito criança, eu devia ter uns cinco ou seis anos. Minha mãe trabalhava em um colégio próximo à escolinha em que eu estudava, bastava atravessar uma praça para eu chegar até onde ela estava. Era assim todos os dias no final da minha aula, eu caminhava até lá para esperar por ela. Pelo menos, é esse o pouco que lembro dessa rotina. 

Um certo dia, cheguei no colégio e uma senhorinha no portão foi logo me dizendo que minha mãe já tinha ido embora. Não quis acreditar. Minha mãe não podia ter ido embora sem mim! Perguntei pela minha irmã, que, se bem me lembro, também estudava no mesmo colégio. "- Também já foi", disse a senhora. Preciso dizer que meu mundo caiu??

Achei tudo aquilo muito estranho: minha mãe nunca iria embora sem mim, sem ao menos deixar minha irmã me esperando, sem ao menos deixar algo recomendado àquela senhorinha, sem ao menos um recado, um aviso de que voltaria para me pegar... A senhora sequer me deixou entrar na escola. Eu era uma criança!! Como eu poderia ir sozinha caminhando para casa? Tão longe! Minha mãe nunca faria isso!

Fiquei desesperada, mesmo assim, fui em direção de casa. Eu sabia o caminho, e pela primeira vez, tomei conta disso. Eu conseguia até me lembrar de outros caminhos para ir para casa, um mais longo, outro mais agitado, e o outro que fazia todos os dias. Segui pelo mais curto e, aparentemente mais seguro.

Enquanto caminhava a cabeça martela: como minha mãe poderia ter feito isso comigo? Como vou caminhar sozinha, com todos os riscos que tem no caminho? O que aconteceu com minha mãe? E a mana, porque não me esperou? Porque não consigo chegar logo em casa?

Toda esquina que dobrava, contava que encontraria minha mãe, em cima de sua bicicleta, louca em minha direção, que me pediria desculpas, que iria me explicar tudo o que tinha acontecido, que iria dizer que estava muito preocupada comigo e me abraçaria... Mas não. Nada. Só mais longas e intermináveis ruas.

Em um determinado trecho, deparei-me com uma junta de bois pela rua (coisa de cidade de interior), "Não, isso não pode ser possível!", pensei. "E agora, como vou seguir? Terei que voltar e fazer o caminho mais longo, pois não vou passar perto desses bois! Mais já andei tanto para voltar agora. E se a mamãe estiver vindo por aqui? Ela não vai me achar se eu voltar. Poxa, porque a mamãe me deixou?". E, pela primeira vez, quis deixar o choro cair.

Arranquei coragem não sei de onde e passei espremida pelas cercas e muros das casas do lado oposto da rua, de onde os monstros estavam, e segui, sem olhar para trás. Tão apressada, tão chateada e tão obstinada a encontrar minha mãe no caminho...

Infelizmente, minhas recordações só me levam até aí. Pois é. Eu era uma criança de cinco ou seis anos, o que posso fazer? Por um milhão de vezes, já tentei arrancar o final dessa história da minha cabeça, mais não consigo. Sinceramente, já cheguei a pensar que tudo isso não passou de um sonho, e desses que não tem fim. Cheguei a ficar convencida disso por anos, ao ponto de nunca perguntar para minha mãe se ela lembrava desse fato. 

Até que um dia perguntei, e ela ficou tentando recordar... Pensou, pensou e depois de um tempo disse que lembrava sim, e que todo o tempo, durante todo o caminho, ela estava atrás de mim. Vinha na bicicleta dela, me observando. Quer saber? Até agora, recordando dessa história, chego a pensar que, até essa resposta faz parte de um sonho.

Sonho ou não, esta é minha mãe. Minha mãe não é, e nunca foi, aquela que esperei encontrar no caminho, cheia de carinhos, desculpas e explicações pelos atos dela. Ela sempre foi de dizer: "é assim e pronto!". 

Um dias desses, conversando com meu irmão mais velho, ele comentou que tem dela uma imagem de um general, firme e forte (apesar de toda fragilidade de seu corpo e de algumas manhas que a idade vem trazendo para ela com os anos). No dia, não julgamos essa imagem dela como sendo algo ruim, pelo contrário, sendo assim, ela nos ensinou muito. Muito mesmo!

Minha mãe nos deu carinho sim, mas nunca foi melosa. Posso dizer que minha mãe sim nos criou para o mundo, para a vida. Para sermos pais, maridos, esposas, donos e donas de casa, trabalhadores e pessoas de bom caráter. Sempre penso que a parte melosa veio com meu pai, que também é um ser que nos rende muita admiração, respeito e também nos deu bons exemplos, mas mesmo sendo um homem forte e muito trabalhador, era o que mais se rendia aos caprichos e manhas dos filhos.

Hoje é comum ouvir da minha mãe, quando não concorda ou se chateia com alguma atitude ou decisão tomada por algum filho, "Eu não criei vocês para isso!!". E ela está certa, muito certa! Mesmo sem se dar contar, minha mãe me criou para eu viver a minha vida, para escolher e trilhar meus caminhos, sejam eles bons ou ruins, para não ser eternamente dependente dela ou de meu pai, para sofrer, para aprender, para crescer. E se hoje não sou exatamente o que ela queria que eu fosse, é porque tudo deu certo! A vida conseguiu moldar mais uma que foi entregue a ela.

À minha mãe sou eternamente grata! Por tudo que vivi, por tudo que chorei, por tudo que aprendi e ainda aprendo até hoje com ela. Pela educação, pela dedicação, pelas opções que me deu e principalmente, por ela ter sempre escolhido seguir em frente, mesmo quando as coisas ficavam difíceis... E por tantas outras formas de amor que desprendeu  e ainda desprende a mim.

Quanto à história, vou novamente perguntar a ela se de fato isso tudo aconteceu e depois atualizo este post. E, ainda sobre a foto aí em cima, gosto muito dela por ser uma das poucas que ela aparece grávida, e por ser de mim, ainda é mais especial.



sábado, 2 de maio de 2015

Uma caldeirada de coco...


Adoro ter coco em casa! Estes dias fui até a casa do meu irmão para reabastecer meu estoque. Amo as possibilidades que o coco me dá: posso adicioná-lo em receitas doces, salgadas, sucos e até em meus tratamentos capilares.

Isso mesmo! Eu misturo o coco (o leite, o creme, a água e o óleo) em minhas máscaras de tratamento capilar, mas isso é assunto para outro dia (em breve, postarei aqui minhas novas experiencias em busca de uma vida mais saudável).

Hoje eu escolhi usar o leite de coco para fazer um prato que há tempos não comia: a caldeirada de peixe. Eu me amarro e meu marido AAAAMAAAA. Decidi postar a receita aqui, pois ela tem um toque bem especial. Vamos lá.

Salguei o peixe (usei o tambaqui) e lavei com limão


Cortei cebolas, pimentões (verde, amarelo e vermelho) e pimentas dedo de moça e algumas verdurinhas (cheiro-verde, coentro, chicória).

Comecei colocando duas colheres de azeite de dendê e as cebolas (hummm... chega treme as carnes), depois fui adicionando os pimentões, as pimentinhas e por último o peixe.







E é aí que vem o toque especial, na verdade, são dois...
Primeiro, faço um caldo com todas as sobras dos legumes e verduras cortadas e também com a cabeça do peixe e dois dentes de alho amassados.

E, em segundo, tiro a polpa do coco para fazer o leite fresquinho, lindinho e natureba. No lugar da água, coloco o caldo (peneirado) de legumes que deixei ferver por uns quinze minutos.



Depois de bater tudo no liquidificador, jogo na panela do peixe e deixo ferver até ele ficar na ponto. Acrescentei por últimos as verdurinhas.


E pronto! Aí está minha moqueca de peixe. Delícia!! Não deu tempo para fazer foto bonitinha dela no prato, sabe como é, né? 


Esta foi umas das minhas maneiras de usar o coco. Experimenta e depois me conta...




sexta-feira, 24 de abril de 2015

Entre um momento e outro...


Quem nunca, quando criança, pediu à mãe para deixar um pouco da massa do bolo na bacia, só para poder deliciar-se muito mais enquanto limpava a vasilha com o dedo? Lá em casa era uma briga feia para ver quem ficaria com a bacia suja de massa. O perdedor, coitado,  teria que se contentar com a colher.

Esses dias fui forçada a ficar em casa, segundo o médico, estou com estafa, agravada, ou ocasionada, por uma anemia e outras cositas más. Ele viu meus exames e disse: "Menina, você tá feia, heim? Vá pra casa e faça absolutamente nada!" Isso mesmo, ele é supersensível assim. Adoro ele! Verdade!

Ai você diz: "Forçada??!! Sei..." Ok, ok, você não está totalmente errado(a). Como uma pessoa que adora ficar em casa, como eu, pode fazer um drama como este, não é? Pois é, mais, desta vez, quis até entrar numa com o médico, alegando que há tempos não ficava tão bem no trabalho como estou agora, e achava que o trabalho não estava fazendo isso comigo e blá, blá, blá de uma pessoa nada inteirada da situação. E aí ele me explicou sobre os meus exames, falou sobre stress acumulado e mais otras cositas más. " . Tá certo!

Agora estou em casa, estou fazendo uns exames, estou tomando medicamentos, estou revendo algumas coisas na minha vida, estou tentando voltar com minhas meditações, mas, quanto a fazer nada... Bem, isso é difícil. 

Sou dona de casa, mãe, mulher, bruxa, deusa, criança, blogueira e tantas outras coisas que até me cansa pensar. Ficar parada, fazendo nada, é algo que não consigo. Até quando estou na frente da tv, assistindo a um programa, estou fazendo outras coisas (literal e filosoficamente falando).

Mesmo sendo difícil ficar parada, venho tentando ter alguns momentos tranquilos, pois não estou em férias, estou doente e preciso me recuperar, e entre os momentos agitados e os tranquilos, eu cozinho. Isso mesmo, eu gosto de ir para cozinha fazer minhas transformações. É lá, com a mão na massa e com uma musiquinha tocando, que muitas vezes eu desligo o botão "desse mundo".

E, hoje, fazendo bolos, lembrei-me desse hábito de criança, de lamber os dedos sujos de massa, de esperar ansiosa para que minha mãe terminasse de bater o bolo, de ficar colada nela para não perder a bacia, de criar caso com minha irmã, que sempre tentava ser mais esperta e rápida, de pedir uma porção extra toda vez que ficava com a colher... Essas coisas... 

Hoje, não gosto nem de experimentar a massa crua para saber se está boa. Sei lá... acho que ficamos chatos depois de grandes.

Obaaa, ficaram prontos!!



sexta-feira, 27 de março de 2015

Um passarinho...



No quarto, o que vejo? Penas. Na sala? Penas. No carro? Também! Abro a bolsa e o que cai dela? Penas! Se bem não conhecesse minha vassoura, poderia dizer que aquela teimosa está querendo se aposentar e aos poucos vem tentando mostrar-me outros métodos de voo. Só que não! Mesmo sendo ardilosa o suficiente para isso, sei que não o faria, afinal, voar ainda é um de seus grandes prazeres, e agora mais ainda, considerando que venho perdendo peso.

Então, tá! Se não é minha vassoura, se não crio galinhas, nem pássaros e nem ando fazendo despachos em casa, como podem aparecer tantas penas espalhadas por aqui? Simples: meu bruxinho! Isso mesmo, meu pequeno é o responsável pelo surgimento destas senhorinhas aqui em casa. 
A criaturinha não pode ver uma pena, peninha, fiapo de pena, que vai logo juntando para mim. Quando acha alguma na rua corre para me mostrar, e para ele é como se tivesse achado "O" presente.  E ai de mim se não guardar e cuidar bem dela! Ele fica todo sentido...

Sinceramente, não reclamo da mania do pequeno, pelo contrário, até gosto, pois polpa-me de ficar de nádegas para cima na rua. Ora, com quem vocês acham que ele aprendeu a fazer isso? Pois é...
Eu gosto de penas e gosto de tê-las em casa. Não me pergunte por quê, nem para quê. Simplesmente gosto. Normalmente, as coloco juntas numa garrafinha no "cantinho das boas energias",  mas é possível encontrar uma ou outra enfeitando um arranjo de flores, um difusor, ou penduradas no filtro de sonhos do pequeno. 

O interessante disso tudo é ver como meu pequeno vem dando a tenção a estas pequenas coisinhas... Ele vê beleza nelas e entende o quão frágeis são. Sempre me pergunta de onde elas vêm e voa com elas para o seu mundo de imaginação, achando que, com elas, vai conseguir alcançar os céus, como os pássaros.


segunda-feira, 2 de março de 2015

Cores de uma enchente...

Infelizmente já são mais de 70 mil pessoas atingidas, mais de 40 bairros afetados e, em Rio Branco, o Rio Acre continua subindo. Na medição de hoje, por volta das 11 horas, marcava 17,83 metros, nunca antes registrados na história do Estado. O ano letivo foi suspenso e o Governo decretou ponto facultativo nas repartições públicas. 

Hoje vivemos um misto de sentimentos: tristeza, medo, preocupação, indignação, compaixão, deslumbre... Eu, nestes últimos dias, tenho ficado sem palavras... Por isso, fico por aqui, só com as imagens...









Cidade de Xapuri





Imagens de Raimundo Paccó (facebook)


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